Español · Português
25 de abril de 2013 | Entrevistas | Derechos humanos | Industrias extractivas
Descargar: MP3 (7.7 MB)
Em 2009, a companhia Vale do Rio Doce iniciou o projeto Moatize, na província de Tete, Moçambique, para a extração de carvão. A própria transnacional de origem brasileira afirmava, ao iniciar seu projeto, que o modelo que adotaria seria “consistente com a prioridade estratégica da Vale na responsabilidade social corporativa e se constitui em novo “benchmark” para o desenvolvimento de projetos no continente africano”.
O conceito de “benchmark” é utilizado para descrever um modelo que pode ser considerado o “melhor” em termos de práticas e processos, tanto em relação ao balanço entre custos e beneficios, quanto à chamada responsabilidade ambiental e social da empresa. Cinco anos após este anuncio da Vale, as comunidades de tete demonstraram quão exemplar acabou sendo o projeto Moatize.
No dia 16 de Abril todas as vias de acesso ao “Projeto Carvão Moatize” foram bloqueadas por “oleiros”, que são pessoas que trabalham na produção de tijolos, e que tiveram sua fonte de renda comprometida, já que o projeto da Vale ocupou a área utilizada por estes trabalhadores para obter a argila, que é a sua matéria prima.
No segundo día da ação pacífica, as cerca de 500 pessoas que a realizavam foram reprimidas pela Polícia da República de Moçambique com tiros de balas de borracha. Um dos manifestantes, Refo Agostinho Estanislau, foi detido na ação, e atualmente já se encontra em liberdade, após a manifestação das familias e trabalhadores impactados pelo projeto da Vale. Além disso duas pessoas ficaram feridas pelos impactos das balas.
Rádio Mundo Real entrevistou Samuel Mondlane, da organização moçambicana Justiça Ambiental - Amigos da Terra Moçambique, que explicou o contexto deste caso e os motivos das manifestações em Moatize.
Segundo Samuel, os oleiros se manifestaram porque a Vale não honrou as promessas que fez ao chegar na região. Especificamente a Vale não indenizou de forma suficiente os trabalhadores, ao invés disso, pagou um valor aos trabalhadores que não compensa a perda das suas fontes de sustento.
Mas os problemas não atingem só os oleiros. Os reassentados também expressam seu descontentamento com as casas construídas a partir da chegada da Vale, que estão apresentando problemas. Ao todo o projeto da Vale atingiu a vida de umas 1365 familias na região de forma direta.
Na sexta-feira 26, está pactada uma nova reunião entre os oleiros e representantes da Vale, onde a empresa prometeu dar uma resposta às demandas dos trabalhadores atingidos. Ouça a entrevista completa no áudio anexo.
*Título do press release da transnacional ao anunciar o início do Projeto Carvão Moatize em 2009
Radio Mundo Real 2003 - 2018 Todo el material aquí publicado está bajo una licencia Creative Commons (Atribución - Compartir igual). El sitio está realizado con Spip, software libre especializado en publicaciones web... y hecho con cariño.