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21 de Agosto de 2012 | Entrevistas | Direitos humanos | Soberania alimentar
O Movimento pela Liberação e Defesa da Mãe Terra do departamento colombiano de Huila estabeleceu com o governo nacional um plano de diálogo e negociação sobre vários pontos que preocupam fortemente aos atores sociais da zona, que desde 9 de agosto fizeram várias mobilizações para que fossem atendidas suas demandas.
Governo e forças sociais pactaram uma mesa de diálogo setorial no departamento para o dia 6 de setembro e uma mesa nacional de alto nível com representantes de vários ministérios e uma delegação da Presidência da República para o dia 20 desse mês. Nessa segunda instância se discutirá sobre a política mineradora energética aplicada pela administração que conduz Juan Manuel Santos e sobre a defesa da mãe terra.
Foi o que disse à Rádio Mundo Real, o presidente do Conselho Regional Indígena de Huila, Leonardo Homen.
O Movimento pela Liberação e Defesa da Mãe Terra de Huila reúne vários setores sociais do departamento, entre os que destacam-se organizações camponesas, indígenas e de pescadores. No dia 9 de agosto começou uma série de mobilizações na região contra os mega-projetos mineradores-energéticos e por uma saída política ao conflito armado nacional. No dia 13 de agosto, diante da negativa do governo de Santos de atender suas demandas, os manifestantes resolveram bloquear totalmente a via Panamericana (que comunica a Colômbia com o Equador e o sul do continente sulamericano), na zona da Quebrada del Pescador, perto do município de Hobo.
A manifestação durou cerca de 20 minutos, porque as Forças dos Esquadrões Móveis Anti-distúrbios (ESMAD) da Colômbia reprimiram com gases lacrimogêneos e pedras. Dezenas de manifestantes ficaram feridos. Vários efetivos da ordem público também ficaram feridos, porque alguns manifestantes se defenderam com pedras.
No entanto, a mobilização popular causou efeito. Conforme o que disse Leonardo à Rádio Mundo Real, o Movimento pela Liberação e Defesa da Mãe Terra continuou em resistência e alerta após o ataque dos ESMAD.
No dia 15 de agosto uma representação do movimento viajou para a reserva indígena de María, no município de Piendamó, departamento de Cauca, a uma reunião de povos indígenas colombianos onde estava o presidente Santos e alguns ministros. No encontro do Conselho Regional Indígena de Cauca (CRIC) participaram seus companheiros de Huila, que apresentaram um documento político e denunciaram a repressão sofrida.
No dia seguinte viajou uma comissão do governo com poder de decisão a Huila. Ali se reuniram representantes de alguns ministérios, dos indígenas, do governo departamental, da Defensoria do Povo Nacional e da Regional de Huila. Foi essa instância que determinou a “ata de acordos e compromissos para seguir em uma mesa de diálogo de alto nível”, pactada para o dia 20 de setembro.
Leonardo contou à Rádio Mundo Real sobre os aspectos mais importantes do documento político apresentado ao governo, que reúne os temas que as forças sociais de Huila querem que sejam atendidos. “O ponto central é o debate da política mineradora energética”, disse o presidente do Conselho Regional Indígena de Huila. Os diversos empreendimentos previstos para a zona e seus impactos diretos e indiretos preocupam os movimentos sociais locais.
O respeito aos territórios indígenas e camponeses é outro dos aspectos importantes do documento do Movimento pela Liberação e Defesa da Mãe Terra de Huila, assim como sua demanda por uma saída pacífica ao conflito armado que vive o país. Indígenas e camponeses exigem também que se respeitem seus direitos às consultas prévias e populares sobre projetos em suas terras. Existem outros temas, como os que têm a ver com a educação e atenção em saúde para os povos indígenas, que também estão no documento entregue ao governo de Santos.
Leonardo disse à Rádio Mundo Real que aguardam o cumprimento do governo e a instalação da mesa de alto nível no dia 20 de setembro. “Se o governo não cumpre, declaramo-nos novamente em resistência para defender nossos direitos”, disse o indígena, que considerou que trata-se de uma luta por uma “causa coletiva, de todo o departamento e a nação”.
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