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10 de Maio de 2011 | Entrevistas | Anti-neoliberalismo
O plebiscito realizado nesse final de semana no Equador marcou um novo cenário político; o movimento indígena confirmou seu objetivo de resistir ao avanço do capital e de “construir um novo Estado”, assim como fica em evidência a incidência dos grupos de poder no atual governo.
Os resultados do plebiscito no Equador mostram uma queda do apoio à Revolução Cidadã de Rafael Correa: a proposta oficialista foi derrotada em mais de uma dúzia de províncias onde havia hegemonia do movimento indígena, enquanto em nível nacional, fala-se da vitória do “Sim” por uma margem estreita, com apoio dos grupos econômicos hegemônicos.
O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador ( CONAIE) Humberto Cholango considerou que o resultado do plebiscito deve chamar a atenção à recuperação do conteúdo popoular do projeto político do governo, manifestado na Constituição de 2008.
Cholango, que no próximo 18 de maio assumirá formalmente o cargo histórico de condutor de CONAIE, recebeu a Radio Mundo Real no seu escritório na capital, Quito. Assinalou que após sua eleição e a importante exibição pública que representou a campanha contra a proposta oficialista, a Confederação concentrar-se-á em se organizar internamente nas próximas semanas. Nessa ocasião, avaliará a situação política e planejará uma série de propostas contrárias à reafirmação do sistema capitalista por pate do Estado, em benefício dos grandes grupos de poder presentes no país.
Em diálogo extenso, Cholango refletiu sobre a situação dos processos de resistência que o movimento camponês indígena representa no Equador e na América Latina, e sua transformação em processos de governo. Na sua opinião, o papel do movimento indígena e seu principal desafio é consolidar suas posições autonomamente.
No mesmo diálogo, Cholango assinalou que o plebiscito conta com o apoio, tanto explícito quanto implícito, do centro de poder econômico e midiático.
“Nos temos muito claro que não somos do tipo de dirigentes que se opõem, por exemplo, a assinar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos ou a União Europeia, ou às concessões à mineração a céu aberto como as que atualmente se administram”, assinalou o condutor de CONAIE.
Consciente de que o resultado do plebiscito deixou como saldo um “capital político”, que a oposição neoliberal de direita procurará captar, Cholango não se engana e diz que o movimento social todo deverá avaliar uma estratégia a continuar ante o pronunciamento popular.
Foto: servindi.org
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