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3 de Maio de 2011 | Entrevistas | Anti-neoliberalismo | Direitos humanos
Médicos, cientistas, pesquisadores, e académicos argentinos advertiram que nesse pais “ é cada vez maior” a agresão à saúde de “populações submetidas a fumigações constantes”. Denuncian que nessas populações camponesas são cada vez mais freqüentes os casos de cancer, abortos
espontâneos, más-formações congênitas em recém nascidos e trastornos na fertilidade.
Os profissionais reuniram-se na cidade argentina de Rosario, província de Santa Fe, com parceiros e representantes de movimentos sociais de aproximadamente dez países de América Latina no primeiro Congresso Latino-Americano de Saúde Socioambiental e segundo Encontro de Médicos de Povos Fumigados de Argentina.
A atividade foi realizada desde o dia 28 até o dia 30 de abril na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Rosario e foi organizada pelos responsáveis da matéria de Saúde Socioambiental de essa faculdade, o Foro Ecologista de Paraná e o Centro de Proteção à Natureza de Santa Fe.
A declaração final do segundo Encontro de Médicos de Povos Fumigados da Argentina alerta sobre a grave situação da crise sanitária no campo, causada pelas fumigações – especialmente em cultivos de soja. Também fala dos casos de câncer, abortos espontâneos, más-formações em recém nascidos e transtornos na fertilidade, e os vincula diretamente com a exposição aos agrotóxicos.
O texto acrescenta: “distintos transtornos, como os respiratórios, endócrinos, neurológicos, hematológicos e psíquicos, são muito mais freqüentes nas populações fumigadas sistematicamente fumigadas, conseqüência do atual modelo d produção industrial”.
A declaração dos médicos profissionais fala sobre a insistência das autoridades argentinas em que seja empregado o “princípio de precaução” e seja restringido o uso de agrotóxicos. Eles denunciam não terem sido escutados. “Propomos como resposta urgente a esse problema que sejam proibidas as fumigações aéreas em todo o território nacional, como já está estabelecido na União Européia, e sejam restringidas as fumigações terrestres afastando-as do limite das plantas urbanas dos povos”.
Nessa linha se manifestou o médico argentino Merardo Ávila Vazquez, que participou do primeiro Congresso Latino-Americano de Saúde Socioambiental e do segundo Encontro de Médicos de Povos Fumigados. Foi entrevistado pelo colaborador de Radio Mundo Real no Paraguai, Pablo Valenzuela, que esteve na cidade de Rosario.
Ávila falou sobre o “negócio realmente genocida” das empresas transnacionais que controlam a produção agroindustrial e que consideram efeitos “colaterais” as doenças e mortes causadas pelas fumigações. “Os cientistas e os médicos preocupados pela a saúde da nossa população, estamos trabalhando e gerando nosso próprio conhecimento, totalmente diferente ao de Monsanto, Bayer o Dow Chemical”, assinalou.
O profissional argentino manifestou que os médicos de povos fumigados encontram cada vez mais na suas clínicas casos e câncer, más-formações, abortos e disfunções eréteis. Destacou o sofrimento que implica para as famílias enfrentar essas doenças.
Ávila assinalou que o movimento de Médicos de Povos Fumigados tem gerado conhecimentos “porque, até agora, a formação dos médicos não contava com esses problemas que tem gerado esse novo sistema de produção agroindustrial”. A quantidade de estudos científicos de excelente nível que se tem gerado nas faculdades do seu país e que dão conta da causalidade entre exposição a agrotóxicos e várias doenças. Muitos desses trabalhos, aos que se sumam vários do Paraguai e do Uruguai, se têm publicado em revistas científicas americanas e canadenses, destacou Ávila.
Ao finalizar, o médico argentino chamou a atenção dos seus parceiros: “É necessário que reclamemos medidas para defender a saúde das pessoas. Nos nas Universidades vamos apoiar eles”, disse. “Nossa obrigação é tentar defender a saúde das pessoas e nem apenas tentar ajudá-las quando estão doentes, porque sabemos que, a maioria das vezes, não há solução para essas doenças”, disse, enfatizando a necessidade de trabalhos de prevenção.
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