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4 de Agosto de 2010 | Notícias | Direitos humanos
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A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou sua preocupação nesta terça-feira pelos graves fatos de violência ocorridos numa manifestação que ocorreu no dia 8 de julho em Changuinola, na província panamenha de Bocas del Toro.
Nesse dia, um protesto organizado pelos trabalhadores de fazendas bananeiras de Bocas del Toro foi reprimida pelas forças de segurança, causando a morte de três pessoas e feridas mais de uma centena de manifestantes. Além disso, foram detidas mais cem pessoas pela polícia.
“A Comissão Interamericana lembra ao Estado panamenho seu dever de exercer o controle das manifestações com respeito dos padrões interamericanos de direitos humanos. Como o tem manifestado anteriormente: ’A Comissão considera que os agentes podem impor limites razoáveis aos manifestantes para garantir que sejam pacíficos ou para conter os que são violentos, bem como dispersar manifestações que se tornaram violentas ou obstrutivas. Porém, o agir das forças de segurança não deve desincentivar o direito de reunião, mas sim protegê-lo, por isso a desconcentração de uma manifestação deve ser justificada no dever de proteção das pessoas. O operativo de segurança utilizado nesses contextos deve levar em conta as medidas de desconcentração mais seguras e rápidas e menos lesivas para os manifestantes’”, diz o comunicado da CIDH.
Depois do fato, o presidente panamenho Ricardo Martinelli se reuniu com os familiares das vítimas e dos feridos, e se desculpou pelo abuso de violência.
“Peço desculpas se houve excesso ou se houve atropelos”, afirmou Martinelli, conforme a imprensa local.
Mas suas palavras foram consideradas insuficientes, e não calaram o grito de justiça que esteve presente na procissão fúnebre que acompanhou os corpos dos assassinados.
Cerca de cinco mil manifestantes -a maioria deles indígenas do povo originário Ngäbe, acompanhados por dirigentes sindicais e camponeses-, rejeitaram a atitude de Martinelli e de seu governo.
“Não queremos este presidente, queremos uma mudança, mas para colocar um presidente do povo. A consciência e a memória dos mortos não se compra com as bicicletas ou a comida que andam dando de presente por aí”, dizia um dos indígenas que estava na procissão, conforme a organização Oilwatch.
Referia-se ao fato de que funcionários do governo presenteavam bicicletas e tentavam convencer os cidadãos para que aceitassem bolsas de comida, o que foi criticado pela população.
No comunicado CIDH indica-se que o Estado panamenho “tem o dever de investigar os fatos de violação de direitos humanos (...) até seu pleno esclarecimento, bem como julgar os responsável e reparar as consequências das violações”.
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