Ramazzini esteve no ato comemorativo pelo Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado hà alguns dias no departamento de Totonicapán, e aproveitou o espaço para fazer um diagnóstico da situação sociopolítica que vive este país centro-americano.

“O modelo econômico liberal privilegia ao deus dinheiro e ao deus poder, o poder da mentira, os subornos e a corrupção”, resumiu. Ramazzini elogiou como tem crescido a consciência entre as populações indígenas, lamentou-se porque os “protagonismos pessoais” fazem esquecer que a humanidade “é uma grande família” e referiu-se ao flagelo da desnutrição infantil.

“É uma vergonha que num país tão rico como o nosso, condenemos nossas crianças à desnutrição crônica. Vemos imensos campos plantados com palma africana ou campos bananeiros. Onde estão os benefícios dessas exportações para nossa gente?”, pergunta Ramazzini.

Para o líder religioso, a causa dos povos indígenas “também é minha causa”, e responsabilizou o Estado por não dar ouvidos à voz dos camponeses e indígenas “além das épocas de campanhas eleitorais”.

Também falou sobre fortalecer a articulação política “para não cair nessas armadilhas”, chamou a “não ser cúmplices” de um sistema que sempre tem marginado camponeses indígenas e pediu lideranças “que se esquecem de seu próprio protagonismo”. “Precisamos gente que se esqueça de si mesmo por seus povos”, disse.

No ato também fez uso da palavra a liderança Romeo Tiul, presidente dos 48 cantões de Totonicapán, a organização anfitriã. Romeo disse: “As terras não se vendem, se recuperam e se defendem. Chega de discriminação. A mensagem para o atual governo e para os sucessivos é que os povos indígenas vamos nos mobilizar para defender nossas terras e nossos recursos naturais”.

Foto: CEIBA Guatemala