As autoridades brasileiras se encontraram com esta situação na semana passada nas inspeções realizadas em dois estabelecimentos dedicados à pecuária, onde foram encontrados 35 assalariados em condições análogas à escravidão, conforme a organização Repórter Brasil, especializada nestas problemáticas, tão comuns como medievais.

Dentre as vítimas destes abusos patronais, havia uma mulher e seis jovens menores de 18 anos. Estavam na fazenda há aproximadamente um mês, basicamente para tarefas de limpeza de terreno para criação de gado e cortando madeira em zonas de mata, com os mesmos fins.

A fiscalização encontrou, ainda, que os menores de idade tinham documentos com a data de nascimento alterada e que as condições de saúde e higiene eram péssimas. Não tinham acesso a banheiros e a comida era absolutamente escassa, conforme Repórter Brasil.

A expansão pecuarista na zona norte e nordeste do Brasil é um fenômeno relativamente recente, e está relacionada às mudanças na matriz produtiva no sul do país, onde tem se concentrado historicamente a maior atividade pecuária.

Alguns exemplos podem descrever este fenômeno geral. Araçatuba é uma cidade do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, que durante muitos anos foi reconhecida como a “capital nacional do boi gordo”.

Mas nos últimos anos a situação mudou. O presidente do Sindicato Rural dessa cidade, Alfredo Neves Filho, reconhece que passar da criação de gando bovino à produzir cana de açúcar para etanol representou uma “salvação” para o setor.

Os produtores pecuaristas estão optando por arrendar suas terras às usinas sucroalcooleiras –ou produzir eles diretamente a cana de açúcar- por um motivo muito simples: a rentabilidade desta nova atividade é três vezes maior do que a que vinham desenvolvendo, e isso tem feito com que a pecuária se expanda para outras zonas do Brasil.

Foto: Repórter Brasil